domingo, 12 de julho de 2009

A ARTE DE SER ATIVO E PASSIVO.

Por: Dr. Jorge Eurico Ribeiro, Médico Infectologista e Pesquisador, IPEC – FIOCRUZ & HGNI;
Coordenador de Prevenção em DST/AIDS de Nova Iguaçu.
Contatos: jer@prevencao.org - Site: www.prevencao.org
Colaboração de Ygor Moura, Blog Saúde&Sexo: http://saude-sexo.blogspot.com




A arte do sexo começa quando as pessoas se sentem excitadas. Neste caso, o sexo pode ser presencial, entre duas ou mais pessoas; pode ser presencial, sem a participação de outro parceiro, ou ainda, virtual, com ou sem participação de outro parceiro, mas com alguém enxergando ou ouvindo a distância; isso o sexo moderno, porque, sexo mesmo, tem que haver mais de uma pessoa. A humanidade jamais buscou, até meados do século passado, uma perfeição sexual entre os parceiros, sobretudo parceiros do mesmo sexo; a grande verdade era que o ativo, soberano até então, que ordenava seu parceiro, ficava excitado, introduzia seu pênis, friccionava-o até gozar e saia para se lavar. O sexo moderno, na maioria dos casos, exige prática, arte. As pessoas são tão exigentes quando o tema é sexo que um dia estarão exigindo selo de qualidade total, caso contrário, procurarão outro parceiro. Aquele negócio de entra aqui, tira a roupa e vamos meter, praticamente não existe mais. Para poder ao menos sonhar com um parceiro que o faça enlouquecer na cama, ele deve estar limpo, nada de pentelhada enorme ao redor do pênis, cuecas furadas ou não lavadas com frequência.
Está faltando qualidade sexual!
Mas, indo ao ponto...
A maioria diz que não dá, ou diz no máximo que é versátil. Outros fazem da bunda uma espécie de última trincheira, que só entregam a quem realmente merece, em troca de muito carinho e promessas de amor eterno. É o que se chama vulgarmente de "fazer cu doce".
Verdade seja dita: apesar da bunda entrar livremente nos lares mais respeitáveis rebolando e cantando, dar à bunda ou, se você preferir, tomar na bunda, continua tendo um forte sabor de coisa proibida, para muitas pessoas ainda. Há, certamente, quem goste (e muito) de dar. Para muitos, uma transa sem sexo anal é uma trepada incompleta. Por outro lado, existem aqueles que experimentaram e não gostaram. A principal alegação é de que sentiram apenas dor e nenhum prazer. Volto a falar que existem, em nossa sociedade, os paradigmas de que o sexo anal é doloroso e sujo. A cultura ocidental, fortemente influenciada pela igreja, sempre classifica o sexo anal como aiti-natural. Isso porque, por não servir à reprodução da espécie, o sexo anal tem como único objetivo o prazer e trepar por prazer é considerado pecado!

Muitos sempre foram induzidos a acreditar nesses paradigmas e terminam por encarar o sexo anal com apreensão e até medo. Isso torna as pessoas tensas e essa tensão contribui para tornar a penetração difícil e dolorosa. Mas se o parceiro for cuidadoso e o outro estiver relaxado, confiante, excitado e cheio de tesão, a penetração anal pode ocorrer sem dor. O objetivo desta matéria é contribuir para que possam usufruir do sexo anal com o máximo de prazer.

CUIDADOS ESSENCIAIS
- O pênis e o ânus devem estar limpos. Um bom banho antes faz com que os parceiros se sintam mais seguros e também ajuda a relaxar;
- O ânus não possui lubrificação natural. Portanto use algum produto que ajude nessa tarefa. A saliva não é indicada e nem eficiente porque seca muito rápido e pode transmitir algumas DSTs ao parceiro. A velha vaselina não cumpre mais seu papel, pois rompe a camisinha. Use lubrificantes como K.Y., um gel solúvel em água, sem cheiro e com gosto de soro fisiológico;
- As unhas devem estar bem cortadas e limpas.

ENTENDENDO UM POUCO A ANATOMIA DA REGIÃO ANAL
Nós possuímos dois esfíncteres anais (músculos circulares que fazem com que o orifício se contraia e relaxe). O primeiro esfíncter fica na entrada do reto e o segundo cerca de 3 centímetros mais para dentro. Esses esfíncteres são cheios de terminais nervosos, tornando-os extremamente sensíveis. É por essa razão que dor e prazer estão juntos no sexo anal.

PRELIMINARES
Se são importantes em qualquer relação sexual, no sexo anal elas são indispensáveis. O parceiro tem que estar excitado, com tesão e querendo dar o bumbum para você. Sendo assim, capriche nos beijos, nas carícias, nas palavras e use a língua com proteção. Afinal, nada mais justo do que cobrir de beijinhos, mordidinhas e lambidas uma coisa que você deseja tanto. Use o dedo. Ele tem importância fundamental nesse processo. Pegue o K.Y. (ou a vaselina) e espalhe uma boa quantidade, fazendo movimentos circulares em torno do ânus. Depois, introduza o dedo bem devagar. Não vá fundo de início. Meta apenas a ponta do dedo e faça movimentos suaves e lentos de entra e sai. Isso irá ajudar seu parceiro a relaxar, além de excitá-lo muito, pois poderá alcançar o ponto G dele (próstata). Aos poucos, vá aprofundando a penetração, sempre atento às reações dele. Lembre-se: seu objetivo é ter e dar prazer.

PENETRANDO
Na hora de penetrar, coloque a camisinha no seu pênis e use mais K.Y. nele e em você. Quanto mais lubrificado, melhor! Por mais que você esteja a fim, vá com calma. É necessário aliar paciência e firmeza para merecer estar no fundo daquilo que você tanto deseja.
Em geral, a penetração compreende três etapas:
- Primeiro, encoste a cabeça do pênis no lugar certo e exerça uma pressão suave, mas determinada. Quando a glande (a cabeça) estiver dentro, pare, dê um tempo para que o esfíncter se dilate e se acomode.
Sussurre umas sacanagens gostosas no ouvido dele, beije seu pescoço, sua nuca, de modo a manter a excitação sempre em alta.
- No segundo estágio, penetre aos poucos até que a metade do pênis esteja dentro do ânus. Sempre com calma, comece a se movimentar suavemente, lentamente, para dentro e para fora. A partir daí não tem retorno. É se entregar ao delírio de estar, finalmente, comendo a pessoa desejada, experimentando um prazer intenso, e proporcionando um enorme prazer ao seu parceiro sexual. Ele começará a colaborar com seus movimentos, empurrando o bumbum de encontro ao seu corpo, ditando o ritmo que lhe seja mais prazeroso.
- O terceiro estágio... É ele quem decide quando e lhe dá o sinal verde pedindo "bote tudo” ou “vá devagar” e se você não fez direito poderá ouvir: “PARE” ou “TIRE”...

SER PENETRADO
Quem terá o poder de decisão é o companheiro passivo. Ele deve decidir o momento de ser penetrado. Quem tem todo o trabalho é o companheiro passivo. Antes de ir além, você deve decidir se é o momento para ser penetrado (se tiver com vontade de ir ao banheiro, sem dúvida não é o momento). É muito importante que haja uma total higiene. Existem várias maneiras para garantir isso, mas a principal é se certificar que não quer defecar. Alguns optam por fazer uma higiene com ducha (“chuca”), porém, tente fazer da maneira mais correta e sem excessos. Uma maneira simples é a de abrir um chuveirinho e introduzir um pouco de água fria com gel lubrificante junto, no ânus. Depois de alguns minutos defeque, podendo repetir isso até 3 vezes. Um bom banho cai bem depois de resolver esse problema. Não se esqueça de ter consigo gel lubrificante, pois isso será muito mais útil para você.
Para aqueles que não estão habituados a serem penetrados, escolha uma boa posição do pênis do parceiro com suas mãos, pois você terá um melhor controle da situação. Para que a penetração não seja tão dolorosa, enquanto o pênis estiver entrando em você, empurre para fora os músculos do ânus, como se você estivesse fazendo suas necessidades. Você deve lutar para não manter os músculos apertando o ânus porque senão irá sentir dor. É normal depois de ter sido penetrado, sentir os músculos do ânus menos tensos, mais relaxados. Para combater isso, você tem que aprender a ter mais controle sobre esses músculos, exercitando o relaxamento. Você deve manter uma atitude participativa, não limite-se a ficar na cama. Ter iniciativa, posições diferentes para ele, dizendo que você deseja ser penetrado lentamente ou mais rapidamente, acariciar o seu pênis ao mesmo tempo. No fundo, quem irá mandar na situação é você. Você é o único que decide quando e como tudo começa. E lembre-se, exija que seu parceiro ativo use camisinha sempre!

DICAS
O atrito gerado durante a transa provoca microfissuras (pequenos arranhões invisíveis a olho nu) no ânus e no pênis que são verdadeiras portas abertas para a entrada de vírus e bactérias causadoras de doenças graves, além das DSTs mais comuns. Só existe um jeito de evitar isso: use camisinha.
Nunca, mas nunca mesmo, introduza o PÊNIS na boca depois de ter feito sexo anal, sem antes trocar de camisinha e se possível lavar o pênis (pode usar lenços de papel). Isso pode provocar outras infecções graves, além de parasitoses (verminoses, amebíase, giardíase, etc..). A prática muito frequente do sexo anal pode, com o tempo, provocar certo afrouxamento do ânus. Isso pode ser evitado com exercícios que tonificam os músculos do esfíncter.
Se você tiver o ânus sensível demais, pode misturar um pouquinho de anestésico (Tipo Xilocaína gel) ao K. Y. e lubrificar o ânus com essa mistura antes da transa. Mas atenção: a quantidade de anestésico deve ser bem pequena para evitá-la a perda de sensibilidade do ânus e do pênis. Existem alguns lubrificantes que já são formulados com anestésico, assim como algumas camisinhas. Lembre-se que uma forma de evitar a dor é fazer força, como se estivesse "indo ao banheiro", no momento da penetração. Isso faz com que o ânus se dilate e agasalhe o pênis confortavelmente.

Materia colhida do jornal O SEXO do nosso querido amigo José Carlos da Silva

www.jornalosexo.com.br

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